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Finalidade
Bacharelado
As Ciências Sociais, particularmente a Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política, nascem com o advento da modernidade e reflete suas tensões e transformações, compreendendo seus dilemas fundamentais. Portanto, a sociedade moderna depende dela para ser explicada e compreendida, coisa que as ciências da natureza isoladamente dificilmente podem fazer.
Por isso, faz-se necessário, antes de definir o perfil do Cientista Social que se quer formar, refletir sobre alguns princípios teóricos que irão nortear a proposta. Estes princípios devem ser pautados nas seguintes questões: Qual a real inserção do cientista social, no sentido de indução e condução, nos processos de desenvolvimento econômico, político e social? Qual o verdadeiro papel do cientista, do pesquisador, do assessor, consultor, e/ou do planejador, que o profissional das Ciências Sociais propõe ser?
Respondendo às questões colocadas, pode-se dizer que os Cientistas Sociais na sociedade moderna são, de certa forma, co-responsáveis pela resposta às demanda de inovação permanente que o modelo de desenvolvimento atual impõe à sociedade, principalmente no que se refere a audácia e imaginação criativa na exploração de novas idéias relativas à mudança no comportamento, relações sociais, estruturas econômicas, políticas e sociais. Portanto, o cientista social tem potencialmente a capacidade de “vender” ao mercado de trabalho não apenas sua energia física, mas sua mente, sua sensibilidade, seus sentimentos mais profundos, seus poderes visionários e imaginativos, ou seja, ele, além de usar da técnica e do método para executar seus projetos, também coloca sentimento e humanidade no seu trabalho, coisa que quase não se vê em profissionais de outras áreas que têm como prática recorrente a construção de máquinas sem “coração” e “sentimentos”. O Cientista Social então complementa o modelo tecnológico apontado pela chamada “globalização”, dando humanidade a este modelo.
Esse modelo de desenvolvimento que é exposto pela “globalização” requer constante distúrbio e agitação para manter sua elasticidade e poder de recuperação, reconstruindo e remodelando a si mesmo de acordo com as novas demandas apresentadas pela sociedade. Por isso, o “inimigo”, ou seja, o profissional crítico, torna-se, mesmo sem querer, amigo do sistema, pois, de fato, ele estará contribuindo para repensar possíveis “erros” de percurso. É por esse motivo que o Cientista Social, além de dominar a técnica e o método tem que ser sensível à realidade posta, tendo em vista construir um grau de humanização que supere as condições desumanas de vida na nossa sociedade atual. O futuro Cientista Social que entra no mercado de trabalho precisa ter acesso a uma formação multifacetada, pois as oportunidades oferecidas são escassas exigindo uma preparação que possa adaptar-se criativamente as possíveis ofertas que surgem. O futuro profissional tem que ser versátil, inovador e, além de tudo, saber participar dos dispositivos e instrumentos destinados a sua inserção social como cidadão.
Os desafios são tantos e tão variados que, em determinadas regiões colocam-se problemáticas que em outras não existem. Por isso, cabe ao Cientista Social ser capaz de perceber as diferenças e trabalhar na perspectiva de apontar propostas adaptadas a realidade local.
Cabe também ao Cientista Social procurar a dimensão autocrítica da ciência, no sentido de perceber o quanto se valorizou monologicamente a razão, destacando-se e exaltando-se somente a dimensão operativo-instrumental, ou melhor, a técnica em detrimento da humanidade.
A procura encontra-se na construção de ações mais harmônicas, ligadas à complexidade própria da realidade, reconhecendo seus limites potenciais. Para isso, tem que abdicar da aura onipotente que se construiu em torno da técnica e do método. Não seria um culto ao saber contemplativo, mas um resgate de sua função comunicativa, sem romper com a humanização das ações. Isso formulando um pensamento incorporado à comunicação constante entre valores, sentimentos, magia, técnica, ética (na dimensão clássica de virtude, paixão, beleza e humanística), estética, crítica, autocrítica e a harmonia instável (lógica e ao mesmo tempo, contraditória) dos eventos de nossa sociedade, na constante tentativa de refazer-se e na busca utópica de ser e do estar em plenitude.
Licenciatura
A proposta que ora se apresenta quer ser atualizada em relação às concepções mais contemporâneas de formação docente, em geral, e da formação docente em Ciências Sociais, e, por isso, renova seu engajamento na realidade social a partir de novas demandas e perspectivas, sobretudo a marcada pela preocupação com a qualidade da educação, para a qual a habilitação e capacitação docente constitui uma condição necessária.
No que concerne mais especificamente à formação docente em Ciências Sociais, tendo em vista sua ramificação nos campos da Sociologia, Antropologia e Ciência Política, tal desafio se faz mais complexo, considerando que cada uma dessas áreas do saber científico-social, se constitui a partir de horizontes científico-metodológico específicos, que demandam ao mesmo tempo uma visão interdisciplinar na formação do professor.
A proposta que ora se apresenta considerou não só essa perspectiva interdisciplinar entre esses diversos campos do saber, mas também os que compreendem as demais disciplinas científicas, sobretudo as mais concernentes às ciências sociais, tais como a Filosofia, a História, a Geografia, a Economia, dentre outras, sem as quais as Ciências Sociais ficariam incompletas.
Considerou também a perspectiva de totalidade que a nova formação docente requer, quanto à formação de um professor comprometido com a prática social, sensível à investigação científica dessa própria prática, comprometido com a realidade cultural mais ampla do educando, bem como com a modificação da realidade e a construção da cidadania.
Para isso a formação docente não se limita somente à sala de aula ou aos conhecimentos específicos da área, o que são também necessários e importantes, mas ao conjunto de atividades acadêmico-culturais, bem como atividades práticas que somam à formação docente elementos necessários para a formação de um educando cada vez mais próximo ao perfil que essa proposta explicitará.
A flexibilidade que esta proposta contempla constitui outro elemento importante para que os fins possam ser obtidos, se não próximos os objetivos traçados, de modo a acrescentar à formação docente novidades que ultrapassem ao que foi programado, enquanto crescimento e aprimoramento.
Certos de que a prática de estágio não se constitui a única forma de prática promovida pela presente proposta pedagógica, é esta que propiciará a partir da segunda metade do curso, o contato inicial com a sala de aula que, somados os demais elementos importantes da formação, instrumentalizará o futuro professor com ferramentas sólidas e eficientes para o exercício posterior da docência.
Por fim, considerou-se a perspectiva das competências que caracteriza a elaboração dos novos currículos, no caso, as concernentes à formação de professores na área de ciências sociais que serão elencadas levando-se em conta a discussão no interior dessa respectiva área que vem se travando em nível nacional.